Saturday, July 19, 2008

A era do gelo...

As pessoas estão cada dia mais distantes umas das outras... Cada dia mais frias e mais desinteressadas do que acontece com o seu "próximo"...

Sim, isso se aplica a mim também... Eu, que sempre fui uma pessoa calorosa e amigável, me descubro dia-a-dia mais e mais evasiva e fechada... Pra que se tenha uma idéia, eu moro em meu apartamento há 7 meses e, sequer, sei o nome de minha vizinha de porta... Cumprimento meus vizinhos, quando os encontro, assim:

- Bom dia, vizinho... Bom dia, vizinha!!!

E penso cá com meus botões: pra que saber o nome deles? Vizinho só traz problema... Melhor ficar cada um na sua!!!

Tem sido complicado até mesmo fazer novas amizades... Tenho dificuldade de confiar nas pessoas, de deixá-las chegar mais perto!!! E eu nunca fui assim...

E foi pensando em mim mesma que eu descobri que estamos entrando em mais uma era do gelo!!! Hoje em dia as pessoas racionalizam demais suas relações com os outros e com o mundo (eu inclusive)... Assim toda e qualquer mágoa ou decepção ou frustração vira uma sequela pra vida toda... E daí um muro começa a ser construído ao redor de cada um... E lá dentro dos limites do muro começa a nevar...

O muro em torno de mim mesma já tá tão grande, mais tão grande que pode até ser visto por satélite... E o povo, quando o vê pensa que é a muralha da China... tsc tsc...

Thursday, June 19, 2008

Ser ou não ser humano...

Uma amiga tava reclamando da violência urbana e comentando que tudo era mais tranquilo antigamente... As pessoas eram mais HUMANAS...

Mas, penso eu - sim, às vezes, eu penso - que a crueldade, a maldade, a insensatez não são sentimentos negadores da condição de ser humano. Ao contrário, são inerentes à ela?

Quer prova disso? Vamos olhar pra trás e voltar na história até os tempos mais remotos.

A violência imperava entre os pré-históricos.Na falta da palavra dita, uma porrada resolvia qualquer impasse. Matar era tão comum quanto comer...

Mais adiante, nos Impérios que se formaram ao fim da pré-história, a coisa mudou só um pouco. Massacres, guerras, infanticídio, escravidão... Tudo muito natural para mesopotâmicos, persas, hebreus, egípcios, gregos, romanos, macedônicos e bárbaros em geral...

Na Idade Média,então, a coisa ficou feia... As pessoas se divertiam assistindo ao assassinato de outras em plena praça pública. Nem importava se os infelizes seriam enforcados, degolados, estripados ou queimados em uma fogueira...

A modernidade não foi menos cruenta... Guerras, invasões, chacinas colonizatórias, mais escravidão... E eu pergunto: o que mudou hoje em dia? NADA!!!

Ou quase nada... A civilidade, as culpas impostas pela religiosidade são reguladores muito competentes... mas, apenas nos fazem querer controlar nossos instintos naturais...

E aí, a gente tem que se render ao óbvio: a bondade, a delicadeza, a solidariedade, o fino trato são atributos de civilização e não características intrinsecamente humanas!! E quando os Aparelhos de Controle civilizatórios não funcionam muito bem, o ser HUMANO acaba por mostrar sua verdadeira face... E ela não é nada bela!!!

Wednesday, June 18, 2008

De amor e de outras mazelas...

Morrer de amor era o sonho que eu tinha no início de minha juventude. Eu vivia repetindo: quero morrer de tuberculose, sofrendo por um amor impossível e ouvindo um samba do Noel - o Rosa!

Daí que os anos passaram... Amores vieram, amores se foram e eu sobrevivi... Apesar de todos os sambas do noel que baixei no meu MP3, a tuberculose nunca me pegou - thanks God!!! E, então, eu descobri que morrer de amor não tá com nada... Byron que me perdoe, mas amor bom é aquele que é possível!!!

E quando os devaneios ultraromânticos são superados, inevitavelmente, a imagem que se tem do amor muda!!

Eu que sonhava com paixões arrebatadoras que redundariam em amores insuperáveis, sentimentos superlativos que me manteriam num redemoinho de sensações que jamais cessariam de me revolver a alma, hoje acredito tanto na possibilidade de algo assim, quanto na existência de fadas e gnomos!

É quando, então, eu me dou conta do tempo perdido com platonismos e elucubrações amorosas que me levaram, por anos, do nada ao lugar nenhum. E aí percebo que tudo o que almejo é encontrar alguém que me desperte admiração, amizade e respeito! E que, além disso, goste de sexo tanto quanto eu!

Pois é, poetas já não morrem de amor e tuberculose, nem ninguém mais faz samba como o Noel... E eu... bem, acabei aprendendo a simplificar as coisas!!!

Tuesday, June 17, 2008

Eu tenho a terrível mania de achar que os outros podem ler meus pensamentos. Os maiores malentendidos que já experienciei em minha vida terminaram na "célebre" constatação: 'Não foi bem isso que eu quis dizer'... E, na maioria dos casos, não era bem isso mesmo...

O grande problema é que nós não falamos exatamente, claramente o que pensamos... É como se acreditássemos que os outros são telepatas competentíssimos que percebem nossas ondas cerebrais sem maiores dificuldades... Daí, pessoas como eu (leia-se pessoas completamente sem noção) usam a palavra com um descompromisso tão grande que acabam se metendo em enrascadas por terem, simplesmente, dito. As palavras ditas claramente, com responsabilidade e fidelidade ao que se pensa provocam menos danos... Difícil é ter tal cuidado no calor do debate...

Eu tenho tentado, juro, nos útlimos tempos, ser mais fiel aos meus pensamentos na hora de falar... O problema é que eu penso muito... e muito rápido... A fala nem sempre acompanha essa velocidade... As idéias acabam saindo pela metade... e o outro (ou os outros) ficam sem entender muito bem - custava nada eles se esforçarem um pouco pra ler meus pensamentos? - e até se assustam com certas assertivas que escorregam por minha língua!!!

E pra complicar ainda mais minha situação eu sou imensuravelmente prolixa... Palavras existem para serem jogadas ao vento... E eu as lanço!!! Terrível é olhar-se no espelho e ter que admitir: menina você fala DEMAIS!!!

Um outro exercício que tenho praticado em minha vida: calar a boca... Ando, até mesmo, pedindo aos amigos: "se eu começar a atropelar, me manda fechar a matraca..." Alguns fazem isso na boa, viu? E com uma constância que me assusta...

Pior ainda, é ter que admitir que, muitas vezes, eu tenho mesmo é preguiça de elaborar o pensamento, daí largo a primeira besteira que se parecer com o que eu "queria dizer"...

Minha sorte são meus olhos cor mel... Não fosse por eles, creio que não me sobrariam amigos nessa vida!!!

Tuesday, April 1, 2008

Ah, as ciências exatas...

Alguém me disse, um dia desses, que o amor é simples assim: você AMA ou NÃO AMA!!! Tive que discordar... Amor não é matemática!! Pelo menos nunca foi pra mim...

Na minha vida, o amor sempre se mostrou um contra-senso: amar e não querer; querer, mas não amar; querer, amar, mas não poder; poder, amar, mas não querer... Infindáveis combinações que estabelecem equações inexatas!

O poeta estava certo: AMAR É VERBO INTRANSITIVO... e eu acrescento: é também verbo intransigente!!

Ama-se o certo e o errado, ama-se quem o amor quer amar... e o amor não aceita argumentos racionais!!! Quando se quer muuuuito amar, o amor não vem... Ele não atende o chamado... E quando tudo o que se deseja é paz e solidão, ele chega tempestuoso...

Não existem defesas contra o amor... Nem regras para orientá-lo!!

Não, o amor não é uma ciência exata... Antes, ele é o príncipe encantado que alimenta nossa eterna crença no "felizes para sempre", e também é o pavoroso dragão que devora a donzela indefesa, quando o príncipe encantado não aparece!!!

EU TENHO MUITO MEDO DO AMOR!!!

Thursday, January 17, 2008

As bandeiras que já não levanto mais...

Minha formação original é em História. Sou licenciada nessa disciplina e o fato de ser, de uma só vez, historiadora e educadora foi definitivo para me transformar numa idealista...

Em nome desse idealismo levantei, com vigor inquebrantável, várias bandeiras ao longo da vida. Nunca fui cega... mas também nunca fui cética!

Por isso, mesmo acreditando na esquerda como a única saída possível em meio ao caos, jamais esqueci que esta era composta por homens... e os homens são falíveis!! No entanto, por trás da imensa bandeira vermelha que eu abanava, havia um plano... um projeto de mundo melhor... mais igualdade... redistribuição de renda... reforma agrária... inserção social... empregos... melhoria da educação pública... da saúde!!! E era esse projeto que eu defendia, não os homens por trás dele! Ou, pelo menos, não todos os homens por trás dele!!!

Em meio a todos havia um que pra mim - e pra milhões de brasileiros- personificava esse GRANDE PROJETO para um BRASIL MELHOR! Justamente por causa desse homem e do projeto que ele representava, no meio de minha imensa bandeira vermelha havia uma estrela!!!

Um dia, o que era só um desejo, uma esperança, um ideal, começou a se vestir de possibilidade... O projeto chegou ao poder!!! Era hora de fazer o sonho se tornar real!!!

Quase seis anos depois eu declaro, não sem grande pesar, que já não possuo ideais políticos... Não acredtido mais na grande mudança... muito menos em projetos bem intencionados personificados em figuras de discurso frágil!!

A bandeira vermelha que eu já havia guardado no fundo do baú, desde que vi a estrela tomando a forma de uma ave de bico imenso e colorido, defendendo políticas neo-liberais e dando continuidade à inadmissível - tão veementemente contestada pelos antigos "oposicionistas" - rede de corrupção que enlameia Brasília, foi queimada há 3 meses. Exatamente... E eu acho até que levei tempo demais pra acordar e perceber que nada mudou... Até a marca do terno que o presidente-operário usa é a mesma do antigo TUCANO... Assim como são constantes as viagens, criticadas na outra gestão... e intermináveis os escândalos!!

Mas, apesar disso tudo eu continuava defendendo o antigo sonho... Aqui mesmo, nesse blog, eu defendi o presidente quando do escândalo do mensalão, ou sei lá qual... É... Eu acreditei!!!

Pô, a questão é que, há 3 meses atrás, exatamente no dia 27 de outubro de 2007, meu idealismo, já meio moribundo, levou o golpe fatal... O presidente-operário, em meio aos festejos de seu aniversário, declarou em frente às câmeras, referindo-se a uma greve no ABC, após a qual os operários exigiam que seus salários não fossem cortados devido à paralização, respondeu à repórter que "grevista que recebe salário não está em greve, está de férias"!!!

Minha fé numa possível transformação até que resistiu um bocado... resistiu mesmo... Mas, ouvir tais palavras tão contraditórias... tão incoerentes... tão incabíveis na boca de um antigo sindicalista, grevista e radical, me fez lembrar FHC mandando o povo brasileiro rasgar tudo o que ele havia escrito!!

CARAMBA!! The dream is over!! E eu queimei, então, a última das minhas bandeiras... Aquela com uma estrela que havia virado passarinho!!!

ACORDEI... não de um sonho, mas de um pesadelo surreal!!!

É... já não levanto bandeiras... nem defendo projetos!! Decidi assumir uma postura pequeno-burguesa, egoísta e individualista... Trabalho um bocado pra ganhar dinheiro e alimentar um novo ideal: o incansável impulso consumista!!!

E querem saber do que mais? NUNCA FUI TÃO FELIZ!!!!