Friday, November 24, 2006

A história de uma cachorra!!!

O nome dela era Mel... Ela era uma poodle, mas uma poodle completamente fora do comum!!!

Sim, porque toda poodle é afrescalhada... Mas Mel não... Mel era o desmantelo em forma de cachorra... Vez por outra, inclusive, ela assumia um look meio rastafari!!! hehehehe...

Reza a lenda que os cãezinhos de estimação acabam assumindo a personalidade dos donos... O caso é que Mel era boêmia igual a mim!!!

Eu ainda era solteira quando ela chegou aqui em casa... Era uma época muito parecida com a atual, eu tava sem eira nem beira... solta na buraqueira e Mel era minha fiel escudeira (até rimou, tá vendo?)...

Mel era uma devassa... uma alcoólatra... uma safada!!!

Na época, o bar da moda entre a galera alternativa aqui na Cidade Alta era o Grêmio da Compesa, que ficava lá nos 4 Cantos... Então, era minha segunda casa... A galera se juntava lá toda noite pra jogar sinuca e tomar cerveja... E Mel ia junto... Ela conhecia todo mundo lá... Mas, sempre, antes de entrar comigo no Grêmio, ela dava um pulinho na esquina, onde ficavam os maconheiros de Olinda... Pessoas... Mel conhecia TODOS os maconheiros de Olinda... Ela já ia pra lá abanando o rabo... Falava com todos eles, dava uma bola e voltava chapada pro bar... Lá, enchia a cara de cerveja... cantava... dançava... comia tira-gosto (adorava macaxeira frita)... No dia seguinte a safada tava de bode!!! Pensem numa ressaca!!! Mel nem se mexia do lugar... Era o dia inteiro bebendo água e de cara amarrada... Quem perturbasse, levava uma mordida... Mas, quando a noite chegava, ela tava pronta pra outra... Nem parecia que tinha passado o dia derrubada!!!

E vocês pensam que era só comigo que ela saía? Nãh... Qualquer um lá de casa que chamasse Mel pra farra, ela topava!!! Porra, a danada conhecia mais gente em Olinda do que eu!!!

Um dia, eu e minha prima decidimos fazer caminhadas bem cedinho... POis bem... Era uma segunda-feira, 6 horas da manhã... Saímos pra caminhar e Mel quis ir conosco... No meio do caminho, exatamente quando a gente vai descendo a Bernardo Vieira, na direção dos 4 Cantos, vem um bêbado na direção contrária: dobrando do Bonfim pra Misericórdia... Pois bem... o cara tava derrubado, cabelo desgrenhado, achando a rua estreita pra ele... Qual não foi a minha surpresa ao ver a Galega (esse era o apelido de Mel entre os mais íntimos) correr na direção do traste? Ah não... Ela não correu apenas... ela saltitou... o rabo abanava mais do que tudo nesse mundo... A cachorra era uma felicidade só... E surpresa maior foi ver a reação do bêbado:

- Galeeeeega... Que bom lhe encontrar aqui... Vamo tomar uma mel, vamo tomar uma que o dia já amanheceu!!!!

Pessoas, eu não acreditei naquela cena... Quando ela voltou pra perto eu perguntei:

- Quem é esse Mel?

E ela, virou a cara como quem diz: "fica na tua"...

E vocês pensam que parou aí? Nãooooooo...

Além de uma cachaceira safada, Mel era também uma perfeita rapariga!!! Sintam o drama... Ela era poodle, pura, com pedigree... Aí, quando ela entrava no cio eu procurava um cachorro da mesma estirpe pra cruzar com ela, pra poder ganhar um trocado com os filhotinhos... Até porque, não pensem que era fácil sustentar as cachaças de Mel, não, viu?

Ah... Eu podia trazer um lord inglês e ela rejeitava... Mordia o pretendente... Dizia horrores pra ele... Mandava embora... Uma vergonha... Aí, passava na rua um vira-lata... o mais maltrapilho de todos... Pronto!!! A Galega endoidava!!! Enquanto não desse pro vagabundo não sossegava!!! Caceta!!! Eu tinha muita raiva, viu? Mas não adiantava... Minha princesa só gostava dos plebeus... Até nisso puxou à mãe!!! Afe...

Aí um dia eu resolvi liberar geral... Eu pensei: "putz, eu detesto que o povo se meta na minha vida sexual, vou me meter na de Mel, por que? Afinal ela já é adulta!!!" hehehehe... E deixei ela dá pra quem quisesse!!! Afe... O cio de Mel era uma festa!!! Ela me arranjava um genro pior que o outro... Caralho que mal gosto tu tinha, Galega!!!

Mas Mel foi feliz!!! Ela morreu há 3 meses, com 15 anos de idade... Vocês sabem qual a probabilidade de um poodle viver tanto assim? é bem pequena, viu?

Eu costumo dizer que a Galega era o exemplo mais completo do significado da expressão "Que cachorra!!!"...

E em sua lápide bastaria escrever assim:

Aqui jaz MEL

UMA CACHORRA

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